O que justifica o sucesso do humorístico CQC, exibido pela Band na segunda-feira, a partir das 22h30? Quem está por trás do êxito do programa capitaneado pelo apresentador Marcelo Tas?
Para responder a essas e outras perguntas, o Diário esteve na Eyeworks-Cuatro Cabezas, empresa com sede na Capital responsável pela atração, que turbinou a audiência da emissora paulistana.
Segundo a Band, antes da estreia do CQC, em março de 2008, o horário registrava audiência média de 2,7 pontos. Depois, passou para 4,3 e, nesta segunda temporada, 5 pontos. Ou seja: aumento de 108%.
Não à toa, as inscrições para o concurso que oferece a oitava vaga no grupo de repórteres do programa superou as expectativas dos organizadores.
Até o fechamento desta edição, cerca de 11 mil pessoas tinham se candidatado (entre elas uma mulher do Japão). As inscrições podem ser feitas até 31 de julho no site www.band.com.br/cqc
Os vídeos dos candidatos devem ser enviados para a caixa postal 26042. O concurso começa no dia 10 de agosto, em forma de reality, com a apresentação de 32 pré-selecionados pela produção, e o anúncio do vencedor será em setembro.
Jovens cabeças que fazem o ‘CQC''
Antes de o público do CQC conferir as reportagens investigativas de Rafinha Bastos, o sarcasmo travestido de ingenuidade que caracteriza os improvisos de Marco Luque e as perguntas oportunas de Danilo Gentili, uma equipe composta por cerca de 30 profissionais tem de conferir cada detalhe para que tudo isso aconteça. São produtores, roteiristas, jornalistas e editores de imagem que trabalham na sede paulistana da produtora televisiva Eyeworks-Cuatro Cabezas, responsável pela direção artística da atração, junto com a Band.
Criada na Argentina, onde desenvolveu o formato do programa, nos anos 1990, a Cuatro Cabezas foi comprada pelo grupo holandês Eyeworks em 2007. Nesse período, o CQC ganhou versões em países como Chile, Itália e Espanha.
Sob o comando do experiente apresentador Marcelo Tas, os homens de preto estrearam em março de 2008 na Band."Esse é o melhor time com quem já trabalhei. São pessoas que conseguiram furos de reportagem no tapete vermelho, em Cannes, e entrevistaram sete presidentes em uma Cúpula do Mercosul, no Peru, quando nenhuma mídia esteve lá", afirma o gerente de conteúdo da Cuatro Cabezas, o argentino Diego Barredo, que trabalha na empresa desde a fundação.
Para ele, um dos trunfos da equipe, que conta com argentinos e brasileiros, é a falta de experiência e, consequentemente, de vícios da linguagem televisiva. Aos 32 anos, Barredo é o funcionário mais velho.
Rotina - A produção do CQC funciona como redação de jornal. A pauteira Maíra Watanabe faz levantamento das notícias que podem render abordagens interessantes e entrega ao diretor Juan Jose Buezas. Posteriormente, ele discute os temas com roteiristas e produtores.
São quatro produtores para reportagens externas e outros quatro somente para o Proteste Já, quadro que dá mais trabalho para a equipe, com a verificação das denúncias feitas pela comunidade.
Depois, são escolhidos os repórteres mais adequados para cada assunto. "Tudo é questionado permanentemente por todos, sem suscetibilidades. Um produtor pode dizer: ‘Mas essa pauta é uma m... Tenho outra muito melhor", explica o gerente Barredo. Os homens de preto aparecem na empresa apenas para acertar com os produtores detalhes das reportagens que devem realizar.
Diversão - Apesar do esforço e do estresse decorrente da atividade jornalística, o clima na Cuatro Cabezas é, aparentemente, leve e divertido. Na quarta-feira, quando a reportagem do Diário esteve no local, produtores fizeram piadas sobre uma boneca inflável, batizada pela equipe de Estagiária.
Por precaução, ela foi esvaziada, depois de diversas situações embaraçosas. A boneca e um manequim eram colocados frequentemente pelos funcionários em posições obscenas nos corredores e salas da empresa.
"A gente se diverte muito, o tempo inteiro. Às vezes, estou falando, por exemplo, com o diretor da Sabesp, para uma matéria do Proteste Já, e fico desesperada com aquela gritaria, gente falando palavrão. É bem diferente das redações em que já trabalhei na vida", conta a jornalista Vanessa Alcântara.
O chefe
O diretor argentino Diego Barredo começou carreira na versão original do CQC. Ele conta que, apesar de flexível, o formato do programa nacional não sofreu muitas alterações em relação à matriz.
Uma das curiosas exceções da versão brasileira é o sucesso do quadro Repórter Inexperiente, protagonizado por Danilo Gentili. Realizado em outros países, o quadro não causou a mesma repercussão.
Ao falar sobre a virtude de cada repórter, Barredo destaca em Gentili a "profundidade das perguntas e capacidade de improviso." Sobre Oscar Filho, diz que tem a habilidade de "transformar o que é marginal e bizarro em coisas importantes."
Rafael Cortez é o repórter que tem talento "para fazer diferente as matérias que todo mundo faz". O diretor ressalta que Felipe Andreoli é dinâmico e tem carisma. "Ele pode falar qualquer coisa que ninguém briga".
Proteste já
Produtora do quadro Proteste Já, a jornalista Vanessa Alcântara elogia a atuação de Rafinha Bastos, que entrevista autoridades e ouve reivindicações da comunidade. Ela relembra momentos que exigiram coragem do repórter e dos produtores. "Uma das matérias mais tensas foi sobre superfaturamento de merendas escolares em Mairiporã, no Paraná. Os seguranças do prefeito ficaram seguindo a gente na rua. Houve um bate-boca e tivemos de chamar a Polícia."
Produtor
Os jornalistas André Mascarenhas e Marcelo Salinas dividem as produções de reportagens sobre política. Mascarenhas estava no Congresso quando Danilo Gentili foi agredido por seguranças do presidente do Senado, José Sarney. "Foi bizarro. O segurança foi para cima do Danilo e a nossa arma era a câmera. Nesses momentos, é melhor deixar rolar, para ficar claro que é o cara que está partindo para a violência."
Edição de imagens
Às vezes, piadas dos repórteres do CQC são salvas ou ganham outras conotações graças ao trabalho do editor de imagens Gabriel Moraes, o Guga. Ele conta com o assistente de pós-produção Paulo Filho e o pós-produtor André Louzas. O clima de trabalho é o mesmo da redação, com muita irreverência. "Não ficamos sabendo se algum entrevistado reclamou dos efeitos. Isso é para a direção do programa. A briga acontece entre a gente. Eu acho uma ideia legal, outro acha uma m...", conta Guga.
Roteirista
O roteirista Marco Aurélio Gois diz que o texto do programa fica pronto às 19h de segunda-feira, cerca de três horas antes de a Band exibir a atração.
"Quase tudo o que é dito no programa está no roteiro, mas eles também têm uma capacidade de improvisação muito grande. O Marco Luque é um dos que improvisam muito bem"
Coordenadora de produção
Responsável pela coordenação de produção, Renata Varella comenta que a busca pela abordagem nas pautas exige versatilidade . "Tem festas que são roubadas, onde a gente não tem o que perguntar. Já fizemos matéria sobre bonecas infláveis para cachorros", comenta, aos risos. Aos que concorrem à vaga de oitavo integrante da trupe dos homens de preto, ela deixa uma dica: não tentem imitar os repórteres.
Fonte: Diário do Grande ABC
1 comentários:
Legal essa reportagem!
do diario do grande abc parabéns mesmo
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