“Cadeia de favores” é um quadro do “CQC” que, à primeira vista, levanta algumas dúvidas. Como a ideia é ajudar uma ONG ligada a crianças carentes, a gente desconfia: seria algo parecido com o assistencialismo praticado por Gugu Liberato na TV?
Não é. Primeiro porque o pessoal do “CQC”, nada bobo, sabe dos riscos e brinca com seus pseudosemelhantes assistencialistas. Eles fazem isso, por exemplo, com referências debochadas no texto. Dia desses, Rafinha Bastos, o apresentador, declamou dramático: “Se cada pessoa prestasse atenção ao mundo em volta, olhasse pro lado, veria que a humanidade é uma rede”. Tudo para deixar claro: é sério, mas é piada. E “do bem” sem ser missionário.
Funciona assim: o apresentador vai trocando um objeto doado por alguém por outro, de maior valor, doado por outra pessoa e assim sucessivamente. Isso vai num crescendo até que o último objeto da cadeia tenha valor de escambo suficiente para se obter algo que vá ajudar a tal ONG.
Talvez tenha acontecido por acaso, mas eis que “Cadeia de favores” também se autobeneficiou desse “movimento de melhora progressiva”. Ou seja: o próprio quadro foi se aprimorando, assim como ocorre com os objetos trocados. Se você pesquisar no You Tube, vai ver que nas edições mais antigas, a “Cadeia de favores” já foi bem mais modesta. Essa semana, entre as permutas havia uma camiseta autografada por Robinho, a claquete que Fernando Meirelles (foto acima) usou em “Ensaio sobre a cegueira” e um desenho feito por Romero Brito especialmente para o "CQC”, ou seja, algo personalizado, menos banal e mais raro, difícil de se obter, goste você ou não do estilo do pintor.
No fim, tudo foi trocado por um caminhão de instrumentos musicais distribuídos por Rafinha. São os favores” aumentando. E um programa da televisão crescendo com isso.
Fonte: Patrícia Kogut
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