PARALISIA CEREBRAL, UM TABU A SER QUEBRADO

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

NOTICIA - 'Proibição do humor político: Um país que não ri não é sério'

Não há como ficar calado diante do absurdo que é a proibição, pelo TSE, do uso da imagem dos candidatos nos programas humorísticos da TV. Mais do que uma medida antipática e absurda, na contramão da democracia, representa outra tentativa de controlar e regular o uso da inteligência nos meios de comunicação. Afinal, já dizia o velho mestre Millôr Fernandes, "fazer humor é fazer cócegas na inteligência dos outros". Ou seja; a sátira, a ironia, são formas superiores de inteligência, e exigem também inteligência e informação por parte do espectador. Acho que não estou exagerando ao dizer que as melhores pessoas que conheço são todas dotadas de um grande senso de humor.

Mas os gênios que dirigem o Brasil não pensam assim. E, usando um bordão conhecido, podemos dizer que "nunca na história deste país" tivemos uma proibição tão estapafúrdia. Eu diria que estamos instalando a "era Dunga" na política brasileira; é proibido rir, pois o bom humor passou a ser visto como uma ameaça às instituições democráticas. Não sou profeta, mas posso garantir que, no fim, o legado desta proibição ridícula será o mesmo que Dunga deixou para a seleção, ou seja, nada.

A explicação é simples; todo sujeito que ocupa uma posição de mando sem ter mérito para tal (e isto vale para políticos, técnicos de seleção, burocratas) morre de medo da crítica inteligente e bem informada. Não é por outra razão que os repórteres do CQC (só para citar um exemplo de humoristas inteligentes) volta e meia são agredidos fisicamente. Só que agora chegamos ao fundo do poço; é proibido, por lei, ironizar e satirizar os poderosos - o próximo passo, obviamente, será banir o raciocínio inteligente de todo o território nacional.

É triste ter que insistir neste tema, mas a verdade é que, mais uma vez, vemos com tristeza a falta que faz um mínimo de cultura. Se os nossos poderosos conhecessem um mínimo de história universal, saberiam que mesmo os reis absolutistas da Idade Média mantinham no palácio o chamado bobo da corte - um artista inteligente, cuja função era fazer todo mundo rir, e que tinha o direito de fazer piadinhas até com a família real (é claro que era uma atividade de alto risco; de vez em quando o Rei perdia a esportiva e mandava enforcar um deles, mas eram exceções). Só que a nossa elite política não sabe disto e prefere o estilo "prendo e arrebento", consagrado pelo nosso último general-presidente (que, justiça se faça, teve atitudes bem mais democráticas do que alguns "representantes do povo" que temos hoje em dia).

Resumindo, mais uma vez o Brasil toma o caminho errado. Provavelmente alguma mente iluminada de Brasília deve ter pensado que, calando os humoristas, iríamos nos tornar, finalmente, um país sério. Respondo citando o velho e bom Sérgio Jaguaribe, o Jaguar: "A seriedade é anti-humana. O Nazismo, por exemplo, era sério prá caramba". Falou e disse, conforme se falava (e dizia) na época. Um país que cala os seus humoristas não se torna um país mais sério; vira um país mais triste. E mais burro. Muito burro.

Fonte: O Globo

Essa postagem é um oferecimento de:

MILA MIMOS & CRIAÇÕES

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