PARALISIA CEREBRAL, UM TABU A SER QUEBRADO

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

@AndreoliFelipw revela temor no início de CQC: “ falavam que era ‘Pânico argentino’. ”.

Felipe Andreoli, do CQC, em entrevista a André Plihal, repórter da ESPN (Foto: reprodução/site da ESPN Brasil).
 
Em entrevista ao programa de entrevistas, "Jogo Limpo", comandado por André Plihal no site do canal esportivo ESPN Brasil, o repórter do CQC, Felipe Andreoli, revelou uma preocupação quando recebeu o convite para fazer parte do humorístico da Band: acharem que trabalhava numa espécie de Pânico argentino.
"Quando eu recebi o convite do CQC, falavam 'ah, é o Pânico argentino'. E eu pensei: 'pô, Pânico argentino. Eu não quero trabalhar no Pânico, eu não sou do estilo do Pânico'", contou.
Filho do jornalista esportivo, Luiz Andreoli, ex-Band, o repórter iniciou carreira na própria emissora, trabalhando não com entretenimento (no caso dele, esportivo), mas com esporte, mesmo, então temia a relação de seu nome ao do outro programa da casa, que também faz humor, mas em um estilo que Felipe diz não se enquadrar, ao que parece, uma preocupação que não existe para ele sendo do CQC.
"Fiquei muito preocupado com aquilo e pensava no meu futuro. Tá, vou lá [no CQC], faço isso aí um ou dois anos e depois para o pessoal me aceitar onde eu sempre trabalhei [no jornalismo esportivo]? Eu prezo muito pelo respeito dos meus colegas jornalistas", explicou, dando a entender que se vê mais no "entretenimento esportivo" do que no humor, propriamente dito.
Bastidores de um repórter do CQC
Na ótima entrevista que concedeu a André Plihal, Felipe Andreoli falou muito mais, explicando, com riqueza de detalhes como é o seu trabalho para o humorístico da Band. Não aquilo que as pessoas veem na segunda-feira, mas os bastidores.
"Eu trabalhei na Bandeirantes como repórter, somente no esporte, e a gente sabe que normalmente a gente tem 14 dias e desses vou trabalhar 12 seguidos e a folga no próximo fim de semana. No CQC eu não tenho essa lógica, mas pode ser que durante a semana eu trabalhe só duas vezes. Tem duas matérias pra mim e no resto da semana eu não tenho, mas às vezes o cansaço é bem maior. Mesmo eu trabalhando menos dias. Pela intensidade do programa", disse.
E continuou: "às vezes vou fazer uma matéria e vejo que aquilo não tá tão legal, que o evento não tá tão bacana, que não tem pessoas muito legais pra entrevistar, aí já me dá uma pressão, eu preciso engatilhar uma matéria aqui, porque o programa só vai no ar na segunda. Cai muita coisa. Às vezes não dá certo, as pessoas que a gente espera que estarão ali, não estão, e até propositalmente a gente grava mais matérias do que cabem no programa. Muitas vezes a gente vai fazer uma matéria, meio em cima do muro [sem segurança que vá entrar no programa], então isso dá uma pressão, um desgaste."
Entrevistar atistas x atender fãs
Andreoli também falou sobre a dificuldade de lidar com o público nas ruas, isso ao mesmo tempo que precisa trabalhar. "É engraçado quando você está num evento que tem gente, que tem artista, no Rio de Janeiro, por exemplo, o que tem de povo na rua, e às vezes tem cara da população que tá entrevistando, querendo tirar uma foto com o artista, então você disputa com todo mundo. E tem o assédio. Você está entrevistando os artistas, mas para as pessoas ali você também é artista, então tem todo aquele assédio das pessoas, que é bacana, mas quando você está trabalhando [é difícil]. Tem 50 pessoas pedindo para você tirar uma foto, você tira 39 e na 40ª que nega o cara vai te xingar, dizer que tá estrelinha, se achando, sendo que você tá ali trabalhando, precisando gravar e aí você fica se preocupando com outras coisas, então quando acaba aquela matéria eu estou exausto."
Preparo para entrevistar
O repórter do CQC também comentou sobre como se prepara mais ou menos para uma entrevista ou evento: "quando o assunto foge um pouco do meu conhecimento, quando tem artistas que não conheço, eu tento me preparar melhor. Por exemplo, quando vou para Brasília, por mais que eu goste do assunto e esteja atualizado dos assuntos do Brasil, da nossa política, eu não sei a cara de todos os deputados, não sei a cara daquele que tá fazendo aquela besteira, então tento me atualizar mais. Agora, quando é futebol, que eu tenho um domínio maior, que conheço os caras, eu já sei o jogador que rende e o que não adianta entrevistar, então eu vou mais tranquilo e me garanto mais."
Dificuldades com entrevistados
Andreoli falou, ainda, da dificuldade na abordagem dos famosos, sobretudo jogadores de futebol. "Eu já lidei com todos os tipos de artistas, e os jogadores de futebol são artistas. Pelo menos muitos deles se sentem artistas. Mas é o mais difícil. O jogador é o que menos aceita crítica, menos aceita brincadeira, é o que vai virar a cara pra você quando fizer alguma coisa que ele não goste. Pô, eu posso brincar com o Tony Ramos, não sei mais quem [artistas] e aceitam muito melhor, porque hoje a relação do jogador com a imprensa se tornou muito defensiva. O cara sempre se sente atacado, ele não sente um bate-papo. Eu fico muito preocupado quando os outros meninos do CQC vão para esses lugares [com gente do esporte] e às vezes eles não sabem como..., mas eu acho que todo mundo aprendeu já."
Briga com assessor e presente de Nadal
Um episódio marcante para ele, Andreoli, que é fã de tênis, foi quando ganhou uma raquete autografada do grande tenista espanhol, Rafael Nadal. Toda a saga que foi, desde o momento antes da entrevista com o astro, com direito à briga com assessor de imprensa e desabafo no Twitter (irritado, Felipe o chamou de "babaca") até o inesperado e especial presente, tudo foi relatado na entrevista ao "Jogo Limpo" que, repito, é ótima (e pode ser vista aqui).
Coberturas inesquecíveis
Por fim, falou sobre as coberturas internacionais que mais marcaram a sua vida de repórter no meio esportivo: "a primeira que impactou muito pra mim, um sonho, foi ter ido para uma Olimpíada e ainda dei sorte de ter feito na China, em Pequim [2008], que foi algo bem diferente. A de 2012, em Londres, acabei não indo, mas é uma cidade que tá ali, você pode passar férias e de repente ter a oportunidade de conhecer, mas conhecer Pequim, ir até a China, até Shenyang, que foi onde o Brasil [seleção de futebol] ficou, uma 'cidade pequena de 7 milhões de habitantes', foi muito impactante. Foi ali que eu vi que, poxa, cheguei onde os grandes do esporte querem estar, numa cobertura de Olimpíada", lembrou.
"Eu fiz duas coisas especiais: uma Copa do Mundo na África do Sul, que foi sensacional, e a Olimpíada na China. Dei a sorte de pegar dois países marcantes para fazer dois eventos marcantes", finalizou.

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