PARALISIA CEREBRAL, UM TABU A SER QUEBRADO

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

NOTICIA - ' Marcelo Tas: "Não adianta querer ser pai moderno" '

O apresentador do CQC participa de perto da vida escolar dos três filhos e jamais parou de estudar.

Ele já editou jornal anarquista, coordenou a produção do Telecurso 2000, foi o professor Tibúrcio do Castelo Rá-Tim-Bum. É formado em Engenharia, mas gosta mesmo é de Comunicação. Hoje comanda a bancada do CQC. E não para. Multifacetado, Marcelo Tas estreia no final deste mês o Plantão do Tas, telejornal com notícias fictícias que será exibido no canal infantil Cartoon Network.

"Educação é uma coisa muito divertida, acabou virando o meu trabalho. O próprio CQC é uma tentativa de traduzir o mundo em uma linguagem bem humorada", afirma o apresentador, que é pai de Luiza, 20 anos, Miguel, 8, e Clarice, 4. Um pai, aliás, bastante tradicional. Para Tas, acompanhar de perto a vida dos filhos e frequentar a escola é essencial. "Nessas horas, não adianta querer ser pai moderno", diz ele.

No final da tarde de uma segunda-feira, já no camarim do CQC, Marcelo Tas vestiu a camiseta do EDUCAR PARA CRESCER e conversou com a repórter Marina Azaredo sobre a infância em Ituverava, no interior de São Paulo, sobre a escolha da escola dos filhos e sobre a importância de nunca parar de estudar. "Hoje eu sou o que construí durante todos os meus anos de estudo". Leia a seguir a entrevista. E inspire-se.

Como você participa da Educação dos seus filhos?
Marcelo Tas:
Participo aprendendo. Atualmente os filhos são fontes de informação para a gente. É claro que eu continuo atuando na transmissão de informação, nos cuidados e no controle. Mas hoje nós temos uma oportunidade imensa de aprender com os filhos. Eles processam e enxergam coisas para as quais nós não temos tempo nem sensibilidade. A Luiza, por exemplo, não me leva tão a sério. Ela frequenta as minhas palestras e vive me parodiando. Tem uma visão em perspectiva de mim. Faz com que eu me veja de um jeito diferente.

Onde os seus filhos estudam?
Marcelo Tas:
A Luiza faz faculdade de Direito em Washington. O Miguel estuda no Gracinha (Escola Nossa Senhora das Graças), em São Paulo. E a Clarice faz a pré-escola do Clube Pinheiros, também em São Paulo.

Como você escolheu as escolas?
Marcelo Tas:
Um critério que eu considero muito importante é a proximidade de casa. Fazer uma criança ou adolescente perder muito tempo no carro é um crime. Mas as escolhas se deram de formas diferentes. A Luiza é uma menina muito madura que já morou em várias cidades. Ela morava com a mãe no Rio de Janeiro e, quando veio morar aqui, no primeiro ano do Ensino Médio, passou em todos os vestibulinhos que fez. Aí, ela mesma fez a escolha: optou pela Escola da Vila. Não era a que eu queria na época, mas hoje vejo que ela tomou a decisão certa. Para o Miguel, optamos pelo Gracinha por ser uma escola muito boa e perto da nossa casa. Já a pré-escola do Clube Pinheiros, onde a Clarice estuda, é uma escola antiga e tradicional, mas dentro da floresta. Além disso, é uma escola em que os alunos são tratados com muito carinho.

Você frequenta as reuniões de pais e mestres?
Marcelo Tas:
Sim, isso é muito importante, porque os filhos acompanham e percebem quando está faltando atenção. Nessas horas, não adianta querer ser pai moderno. É importante dedicar um tempo de qualidade aos filhos, pois, embora muitas vezes não pareça, eles são sensíveis. Mas preciso fazer justiça com a minha mulher. Ela frequenta a escola muito mais do que eu, embora eu não fique longe. Faço questão de ir às reuniões sempre que posso.

marcelo








Onde você estudou?
Marcelo Tas:
Tive uma vida escolar muito nômade. Até os 15 anos, estudei em escola pública na cidade onde nasci, Ituverava, no interior de São Paulo. Meus pais são professores, então tive uma vida muito ligada à Educação. Fiz piano dos 8 aos 15 anos. Estudar era uma coisa tranquila. Sempre estive rodeado de livros e convivi muito com professores. Mas, aos 15 anos, decidi que era hora de mudar. Resolvi ser piloto e fui fazer a Escola Preparatória de Cadetes do Ar, em Barbacena (MG). Essa foi uma experiência fundamental na minha vida, pois passei três anos convivendo com gente do Brasil inteiro e voando nos aviões da FAB de graça. Isso ampliou meus horizontes. Depois, eu fui para São Paulo fazer Engenharia na Escola Politécnica da USP. E foi justamente ali que nasceu o meu amor pela Comunicação, pois eu comecei a editar o jornal de humor anarquista da Poli. Acabei fazendo vestibular para a Escola de Comunicação e Artes (ECA), também da USP, e, durante um tempo, fiz as duas faculdades. Mas eu comecei a me envolver com vídeo, televisão e, de repente, eu não tinha mais tempo para me dedicar aos dois cursos. Então a minha mãe, que é uma pessoa muito sensata, mandou eu terminar pelo menos um deles. Fiz as contas e vi que o mais rápido seria a Poli. E foi o que fiz. Mas, depois disso, percebi que precisava de uma formação mais técnica na área que eu gostava de verdade, que era Comunicação. Aí, ganhei uma bolsa da Comissão Fullbright e fui estudar Cinema e Televisão na New York University. Lá, tive aulas com diretores consagrados, como o Scorcese e o Coppola.

Que professores mais lhe marcaram?
Marcelo Tas:
Na quarta série do primário, lá em Ituverava, eu tive uma professora de educação sexual que se chamava Dona Hilda. As aulas dela eram uma total transgressão, pois estávamos em uma cidade muito conservadora. Ela era mulher de fazendeiro, linda. Aquilo foi uma revolução, uma coisa muito moderna para a época, me deixou besta. Era uma excitação dupla, pois ela separava meninos e meninas. Durante a aula das meninas, ficávamos tentando ouvir as perguntas e comentários delas. Outro professor marcante foi o seu Manuel Ramos Pereira, de Português. Ele era muito rigoroso e muito culto. Foi com ele que aprendi o que era poesia, romance, literatura. E também as famigeradas orações subordinadas adversativas! E teve ainda a Dona Basílica, professora de Admissão, um cursinho que fazíamos para entrar no ginásio. Ela era muito brava, mas muito debochada. Foi naquela época que eu tive a minha primeira namorada. Íamos às matinês e todos ficavam esperando o momento em que eu pegaria na mão da menina.

Você era um bom aluno?
Marcelo Tas:
Eu era considerado CDF, porque tirava boas notas. Mas, na verdade, fazia parte da turma do "fundão".

Qual é a importância de estudar sempre?
Marcelo Tas:
Nós somos o que lemos, o que aprendemos, o que vivemos na escola. Até o nosso vocabulário é resultado da nossa vivência na escola. Tudo o que acontece nessa fase é muito marcante, tanto na parte emocional quanto na parte pedagógica. Hoje eu sou o que construí durante todos os meus anos de estudo. Mas, na verdade, eu nunca saí da escola. Continuo estudando, fazendo muitos cursos. Educação é uma coisa muito divertida, acabou virando o meu trabalho. Durante cinco anos, trabalhei no Telecurso 2000. Nesse período, mergulhei em matérias formais e em como traduzir esse conteúdo para a televisão. O próprio CQC é uma tentativa de traduzir o mundo em uma linguagem bem humorada. E agora eu vou voltar a fazer um programa para crianças. No dia 31 de dezembro, estreia no Cartoon Network o Plantão do Tas, um telejornal com notícias fictícias.

As redes sociais podem ajudar na Educação?
Marcelo Tas:
Sozinha, as redes sociais não fazem nada. Mas elas podem acelerar processos, pois permitem que ideias sejam criadas em conjunto.

Qual é o papel do professor hoje?
Marcelo Tas:
O professor não é mais o único provedor. O seu papel é de provocar, instigar, aprender junto, e não de dar respostas prontas. Os professores mais marcantes são justamente aqueles que mais nos inspiram.

Como melhorar a Educação do Brasil?
Marcelo Tas:
É muito simples. Basta valorizar a Educação. O problema é que pouca gente faz isso. A Educação deveria ser uma questão estratégica, mas tem sido só blá-blá-blá. Deveríamos seguir o exemplo de países como os Estados Unidos, a Coreia do Sul e até a Argentina.

Fonte: Educar Para Crescer

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