PARALISIA CEREBRAL, UM TABU A SER QUEBRADO

quinta-feira, 22 de abril de 2010

NOTICIA - 'Danilo Gentili fala sobre como foi a sua vida escolar'

Humorista conta ao GUIA que foi expulso do colégio e fala da polêmica sobre seu livro, Como se Tornar o Pior Aluno da Escola, não recomendado a menores de 18 anos.

Quando foi enxotado por seguranças do Congresso Nacional em seu primeiro quadro em Brasília no programa CQC, em 2008, Danilo Gentili, confirmou um “hábito” mantido desde a infância. O humorista – que também fora retirado de microfone em punho do Zoológico de São Paulo – carrega no currículo o fato de ter sido expulso da escola, conta em entrevista ao GUIA.

“Fui mandado embora do colégio por colocar uma bomba atrás da porta”, diz o astro da TV Bandeirantes. “Depois, na faculdade, os professores sempre me punham para fora da sala”.

Em 2010, Danilo sofreu novamente com banimentos. No começo de abril, seu primeiro livro, Como se Tornar o Pior Aluno da Escola, foi retirado das prateleiras de obras juvenis. O Ministério Público atendeu a queixas de pais e pediu que a editora Panda Books colocasse um selo “Recomendado para maiores de 18 anos” na capa.

Membro da “turma do fundão” assumido, Gentili se formou em Publicidade, fala inglês (na última semana, trocou mensagens com a atriz Demi Moore no Twitter), e encarna no livro o antiherói colegial: “o estudante nota zero exemplar aguenta bravamente a patrulha dos certinhos, tira de letra as punições e terá em sua sala de troféus as mais variadas advertências e suspensões”, escreveu.

Em entrevista ao GUIA, o humorista explicou que fala sério. “Era uma peste, mas tirava boas notas. A escola tinha de ser mais seletiva e direcionar o aluno para o que ele quer. Por que tenho de aprender cálculo?”, provoca. Confira os melhores trechos:

GUIA: Você era mau aluno mesmo ou é “marketing pessoal?”
Danilo Gentili: Eu era uma peste, mesmo. Tudo que está no livro eu fiz, menos aquelas coisas de usar Photoshop e Google para falsificar os trabalhos, porque isso não existia. Peguei suspensão 12 vezes, tive 78 anotações no livro negro e fui expulso da escola.

GUIA: No livro você conta essas suspensões como troféus. Seus pais também comemoravam cada uma dessas “conquistas”?
DG: Não! Meu pai queria me matar. Me batia, deixava de castigo, ficava louco. Mas eu tinha boas notas, nunca tive problemas com isso.

GUIA: Você estudou em escola particular ou pública?
DG: Comecei na particular, mas fui expulso depois de colocar uma bomba atrás da porta da sala de aula. Então fui para a pública.

GUIA: E você chegou à faculdade?
DG: Bom, não cheguei à faculdade, cheguei à UniABC.... Não aprendi nada, era expulso das aulas. Mas devo a eles o meu sucesso. Comecei a ficar famoso com um vídeo que coloquei na internet falando mal da faculdade. Aí as pessoas começaram a querer pagar para me ouvir contando piada.

GUIA: Para usar um termo em voga, você não acha que seu livro incentiva o ‘bullying’?
DG: O que é isso mesmo? Eu ouvi muita gente falando disso por aí... é igual trote?

GUIA: Não. É quando um aluno põe apelido, tira sarro, humilha com frequência outro dizendo que ele é, por exemplo, orelhudo ou gordo.
DG: Ah, entendi. Então incentiva, sim. Tem até um capítulo ensinando técnicas para pôr apelido nos outros.

GUIA: Os americanos dizem que tem criança que se suicida por conta do bullying...
DG: Cara, isso é bobagem, as pessoas levam as coisas muito a sério. Isso tudo é falta de base em casa. Os pais têm de dar segurança e confiança. Dá até para proibir chamar alguém de gordo na escola, mas não dá para proibir o mundo. E o menino vai crescer, procurar emprego e perder a vaga porque alguém acha que aquele trabalho não é para gordo. Só fica mal quem não tem segurança. Eu cresci vendo filmes de violência, adorava o Rambo, e nem por isso saí atirando...

GUIA: E você já foi humilhado ou sofreu perseguição na escola?
DG: Sim, todo mundo me zoava. Eu era branquelo, desengonçado, tinha voz fina. Mas revidava, eu ia atrás dos valentões. Eu não era dos que zoavam o orelhudo. Eu era amigo dele e defendia.

GUIA: É tão difícil assim ser o pior da escola a ponto de precisar ter um manual?
DG: Hmm... Acho que não precisa, não, mas se estão comprando meus livros... Os professores deveriam ler para não serem enrolados.

GUIA: Tem pai reclamando que seu livro atrapalha. E o Ministério Público proibiu para menores de 18 anos...
DG: Todo mundo tem o direito de reclamar. Agora vai vender mais. O público menor de 18 anos é o que mais compra livros e revistas proibidos para menores de 18 anos.

GUIA: E se realmente começarem a usar suas técnicas para colar e copiar trabalhos?
DG: Ah, aí eles vão se livrar de uma grande dor de cabeça!

GUIA: A escola não foi nada importante para você?
DG: Foi importante, sim. Mais pela convivência em sociedade que pelas aulas de cálculo. A escola tinha de ser mais seletiva quanto às matérias, igual nos Estados Unidos. Você estuda o que quer estudar.

GUIA: Que disciplinas você escolheria?
DG: Hmm... Redação, algumas ligadas à criação. Por que tenho de aprender cálculo?

GUIA: O livro do Tas [Nunca Antes na História deste País] vendeu 23 mil exemplares; o seu, 10 mil. Será que não teria compensando ser o melhor aluno da escola?
DG: (risos) É, talvez! Mas o livro do Tas é bom, o meu é uma bosta.

GUIA: Algum recado para quem vai prestar vestibular?
DG: Olha, o vestibular não determina a vida de ninguém. Eu queria fazer Cinema, mas não tinha grana. Fiz um curso qualquer, mais barato. E hoje estou mais perto de trabalhar com aquilo que sempre sonhei. Então não tem que se sentir pressionado, nem fazer aquilo de que você não gosta. A vida de seu pai nem da sua mãe foi definida no dia em que eles prestaram vestibular.

Fonte: Guia do Estudante

1 comentários:

stellinha disse...

se ele foi esse aluno-capeta,não resta a menor dúvida,não veem como ele atua ,ou melhor atuava com os políticos de Brasília e era escrachado sem dó alguma,se isso estivesse acontecendo nessa época,provavelmente tiraria muita paciência de muitos professores,e,provavelmente não mudaria em nada,faria as mesmas coisas.