- Produzir humor para a internet sempre foi, para mim, um hobby. Foi o que abriu as portas para o que faço hoje - diz o humorista Rafinha Bastos , do programa "CQC", que é seguido por 754 mil pessoas no microblog. - Comecei fazendo humor na internet e, de lá, parti para outros veículos. Nunca me sinto forçado a atualizar meu Twitter e nem a responder as mensagens de meus seguidores. Eles são meio xiitas. Se eu respondo algo para um, muitos outros começam a cobrar respostas também. Então, prefiro não interagir.
Ele garante não dar bola para o sucesso que uma ou outra piada faz naquele ambiente:
- Já coloquei piadas no Twitter que acabei levando depois para o palco ou para a TV. Tudo o que ponho ali é criação minha, então me sinto à vontade para fazer isso. Mas não me guio pelo feedback que recebo, não.
O colega Danilo Gentili, também do "CQC", é seguido por 663 mil fãs no Twitter, mas diz que usa a rede social simplesmente para divulgar seus shows de comédia e fazer comentários sobre o cotidiano.
- A melhor forma de testar piadas ainda é na frente de uma plateia real. O Twitter priva o comediante do contexto e do tom de voz. Sem essas coisas, uma piada pode até virar ofensa. Meu público no Twitter entende que meu papel é fazer piada, mas aquilo não é como o meu show. Qualquer um pode me seguir a qualquer momento. Noto que as pessoas que criticam certas piadas que faço, dizendo que são ofensivas, é gente que não costuma ir a shows de comédia - afirma Gentili.
Ele observa que, quando a stand-up comedy (tipo de espetáculo em que o humorista se apresenta sozinho no palco, sem cenários ou adereços) surgiu no Brasil, era comum lhe perguntarem se era difícil fazer humor sem acessórios. E, agora, perguntam se é difícil fazer humor em até 140 caracteres.
- O comediante de stand-up é um minimalista. Tiramos tudo o que é supérfluo e deixamos o essencial da piada. Por isso, o Twitter acaba sendo um bom exercício - avalia.
Opinião semelhante tem o humorista português Nuno Gervásio , que inventou, no ano passado, a sit-down comedy. Ele convidou humoristas profissionais e amadores a participar do evento, mandando-lhe piadas (no máximo, 12 por pessoa) que foram veiculadas num canal aberto do Twitter, durante uma hora e meia, no dia 10 de março de 2009. A ideia já foi copiada por gente de outros países.
- Sei que tivemos mais de cem twittes (acessos) por segundo e que estivemos em 3º lugar no ranking mundial do Twitter durante a hora e meia que a coisa durou. Tenho ainda dúvidas se vale a pena fazer um segundo festival, apesar de toda a gente me estar sempre a perguntar para quando será. Creio que o Twitter está a perder a força e a decair perante o crescimento do Facebook - explica Gervásio, por e-mail. - O que me cativa no Twitter é precisamente a meta dos 140 caracteres. O que à partida é uma limitação acaba por ser um ótimo desafio para escrever one-liners (piadas em uma frase), um dos recursos mais utilizados na stand-up comedy.Um dos assuntos favoritos dos humoristas no Twitter é o futebol, como se vê nas páginas de Beto Silva , do "Casseta & Planeta", que não poupa munição contra o técnico da seleção brasileira ("Real Madrid quer contratar o Ganso. Se fosse o Galatasaray ou o Panathinaikos, o Dunga convocava ele na hora!"), ou na do vascaíno Bruno Mazzeo ("Ainda bem que normalmente eu vejo os jogos da seleção com a galera. Bêbado"). Política é outro assunto que rende um bocado de mensagens.
Seguido por 217 mil pessoas, Mazzeo explica por que fez questão de escrever em seus dados biográficos que aquele espaço não é de humor.
- As pessoas estavam me cobrando piadas e comentários engraçados. Eu não sinto obrigação de fazer piada ali. Mas é claro que, quando tenho vontade, escrevo coisas engraçadas que me vêm à mente. Já republiquei algumas delas na minha coluna no GLOBO - comenta o humorista, que costuma receber de admiradores sugestões de temas para o seu programa "Cilada", mas declara nunca ter usado ideias alheias.
"Estou no cinema com óculos 3D pronto para ver Chico Xavier. Acabo de ver meu tataravô na 2 fileira" - RAFINHA BASTOS
"Se é verdade que Yoko foi a responsável pelo fim dos Beatles, preciso apresentá-la pro vocalista do Jeito Moleque" - DANILO GENTILI
Fonte: O Globo
1 comentários:
Claro q é um exercício legal pra eles serem diretos na piada e não ficarem com lenga-lenga. xD
Piadas demoradas perdem a graça. =/
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