Monica Iozzi completou um ano de CQC no último dia 28 de setembro. Nada melhor então do que comemorar. Para ela, a festa acontece nesse domingo, dia histórico, com as eleições. É nessa data que a repórter vai fechar seu trabalho focado no pleito, que começou há pouco mais de dois meses e tomou conta de praticamente todo o seu dia a dia, seja logo cedo, ao ler os jornais, no decorrer do período, procurando novidades, ou então atrás dos políticos para conseguir fazer suas melhores perguntas “e pegar no calo deles”, como a mesma diz.
Com um pouco de frio na barriga de ansiedade pela cobertura do CQC nas eleições, Monica conversou com exclusividade ao eBand e contou como foi essa experiência marcante.
Como será a cobertura do CQC neste domingo?
Muita gente pra cobrir e pouco repórter para o trabalho (risos). Vamos trabalhar das 7h até a hora que saírem os resultados. Estamos trabalhando para cobrir o máximo de pessoas possíveis, para tentar focar nos principais candidatos a presidente. A certeza mesmo é que vou falar com o Serra... (risos).
Fizeram você falar com o Serra de propósito?
Não, foi escolhido. Quer dizer, não sei... (risos). Certeza que eu não pedi isso! Mas, sério, é que eu cobri mais as eleições, toda a campanha, principalmente dos presidenciáveis, e a maioria deles vota por aqui, em São Paulo, então acho que por isso fui escolhida.
Como foi a responsabilidade de ser uma das principais repórteres do CQC a cobrir as eleições?
Acho que foi algo natural, né? Eu já estava cobrindo política em Brasília, então era um caminho certo. Mas não teria como eu cuidar de tudo sozinha, aí os meninos também ajudaram, e muito. Essa é a segunda eleição que o CQC acompanha, a primeira para presidente, e eu ter ficado meio que responsável por essa área foi incrível, adorei, me senti super valorizada. Além do medo, né?
Você sentiu medo de quê exatamente? De falar com eles?
Medo de falar com eles não, porque mesmo quando o político não costuma ser muito receptivo, a gente consegue algo. CQC deixa a gente assim, cara de pau. Eu nunca tinha feito política, apesar de gostar muito, então meu medo era “será que estou sendo imparcial?”, minha grande preocupação era em fazer bem o trabalho. Isso é difícil porque alguns candidatos não querem falar, como por exemplo a Dilma, então Serra e Marina acabaram aparecendo mais, mesmo que o ideal é que falássemos igual com todos.
Como você se prepara para falar com eles?
Como estou há 2 meses atrás dessas pessoas, continuo lendo muito jornal, que sempre tem coisas novas, nos sites, em redes de relacionamentos, vejo o que as pessoas estão comentando. A ideia do CQC é dar uma pisadinha de calo em cada um, mesmo que o cara seja melhor que o outro em competência, honestidade... Se o cara é ruim, tem que ir lá, cobrar soluções. Agora, se é bom, também tem que ser cobrado. Tenho que estar por dentro da vida de todos, não tem pergunta genérica.
O que você poderia ter feito melhor e o que acertou na cobertura?
Sinto que faltou PT na nossa cobertura. Fizemos o máximo possível, mas as dificuldades eram imensas. Percebemos tarde que poderíamos cobrir todos os eventos do partido sem que falássemos com os candidatos. Enfim, acho que vamos ter que aprender melhor a lidar com a postura do PT. Quanto aos acertos, acho que foi bacana que não medimos as palavras. Sinto que existe um “bom mocismo” na imprensa, tudo muito polido. Tem coisas que não são faladas e elas precisam ser faladas! O CQC mostrou bem do seu jeito, de ser irreverente, provocador e fazer as perguntas. Às vezes eu pensava “será que faço essa pergunta?” e logo respondia, “claro que faço!”.
Por que você acha que o PT teve essa postura?
Não sei... o Lula sempre foi tão legal com o CQC. Sei lá, talvez seja o jeito da Dilma. Ela é mais fechada, não trata mal, mas fica na dela. O Serra foi um que mudou, mas ele já conhecia a gente, então acho que aprendeu um pouco a conviver com o nosso trabalho. Acho que a postura do PT é natural, eles estão na frente, ficam mais acuados. Na época que o Serra estava na frente, era a mesma coisa com o PSDB, conseguíamos falar pouco com ele também.
Você completou um ano de CQC no último dia 28 de setembro. Já é natural fazer esse trabalho todo, ainda mais nesse momento tão importante?
Hoje eu senti um frio na barriga. Os meninos falando sobre como é a cobertura das eleições, ter que achar os políticos nesse dia tão corrido, isso me assusta um pouco. Estou me preparando da melhor maneira possível, isso me ajuda a fazer perguntas de uma forma bem objetiva.
Como vai ser a cobertura em Brasília depois das eleições?
Esse ano não tenho ideia. É impressionante como a coisa para por lá. A maioria dos deputados querem se reeleger, ou estão trabalhando para eleger alguém. Se voltarmos é pra mostrar que não tem nada: “olha, viemos aqui para fazer uma matéria, mas não achamos ninguém, valeu!” (risos). Pelo que tenho conversado com o pessoal do programa, parece que continuo lá no ano que vem e o que me deixa empolgada é a carne fresca que vamos encontrar. A minha esperança é que esse povo novo tenha a cabeça um pouco mais aberta.
Para fechar, o que Monica Iozzi espera do novo presidente?
Olha, eu poderia falar pra você que espero melhoria na educação, na economia, saúde, mas isso a gente espera naturalmente de qualquer político. O que eu quero mesmo é transparência e acho que está faltando muito. Uma coisa que acho muito estranha é um candidato chegar e falar que construiu 1 milhão de casa. Aí chega o concorrente e fala que é mentira, que ele fez 1 milhão de casas. Ou seja, cada um fala o que quer, mas não prova nada. Isso é triste, porque aí escolhemos os candidatos pela nossa boa fé. Eu quero ler as informações nos jornais e ter certeza de que aquilo realmente foi feito e por quem. Enquanto não houver uma reforma eleitoral muito séria, as coisas vão ser sempre assim: gente fazendo campanha com lingerie, palhaço, cara que já foi condenado. Sinto que estamos largados, que não há um rumo, é uma grande bagunça. É por isso que torço, pela transparência.
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